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sexta-feira, 30 de julho de 2010

O elogio da fealdade












Há casas tão feias, tão feias que parecem um hino à fealdade. Pertencem a várias géneros de personalidades. Ora são abrigos, ora são situações coisificadas., ou seja, nada se entende, mas contudo têm chão e tecto: princípio básico, segundo Le Corbusier para se partir para a internalidade e o fechamento íntimo.
Existem e acontecem espantos súbitos e imediatos que não há volta a dar-lhes, pelo intocável sentido de muitas vezes não serem nossas... e, nada podermos comentar: nem na estética, nem a sua ausência. Há então o primeiro sentimento a respeitar: precisamente o comentário contido, exercício de sorriso e distância que nos deixa a subtileza abstracta da estética longínqua e a permissão de nos deixarmos escorregar pelo afecto. Nossos ímpetos primitivos de qualquer casa poder ser o que é; precisamente porque é um desejo epidérmico da cobertura de quem a quiz tal como a projectou, inventou, recriou, destruiu e remodelou no pior sentido quanto a nós comuns seres humanos como todos e iguais e diferentes por várias desenvolturas das terras, das religiões, ou suas ausências, mas toda a geografia inteira. Enfim sentimo-nos bem lá dentro, muito melhor do que pensávamos, e pior e porque queremos fugir, pelas janelas, pelas portas, pelos telhados porque há paisagens panorâmicas em 360ºde castelos, de montes recortados serenamente, de pinheiros mansos, de patos, de gaivotas e garças que voam e de mar. Sobretudo de mar e fios d'água que correm em estreitos de caniçais lá em baixo por caminhos de amoras líquens de várias formas e discretas cores.

domingo, 25 de julho de 2010

Espaços cheios/de vazio

Gostava de ter uma casa sobre um fardo de feno com rodas e outro para me abrigar. Nas noites de luar como vai acontecer amanhã ou depois abriasse uma janela como um óculo ou um periscópio. Poderia ter a passarola do Bartolomeu de Gusmão com canções do Scarlatti, para voarmos sobre as marés vazias e cheias.
O bloco de feno paralelipipédico podia suportar duas rodas sob ele para rolarmos, rolarmos aos tombos pelos silvestres caminhos de amoras e todas as bagas de dádiva sagrada. À noite haveria o solo de palha e o céu de estrelas que nos cobriria de cores, mais e menos escuras.





O sonho da casa











Há as casas com as quais sonhamos, as que sonhámos, as possíveis e as impossíveis. As casas das nossas noites enquanto sonhamos e voamos. Há as casas destruídas e as que destruimos. Numa destas semanas iniciámos uma casa de sonho para crianças que podem lá sonhar e dormir. Numa escala à sua medida servimo-nos de materiais que hoje se despejam pelos campos como se os campos fossem lixeiras. Como se os seres vivos que por lá vivem não tivessem direito ao sonho e aos seus vôos alternativos e oxigenados de bons ares dos pinheiros e dos fenos.
Semeámos rabanetes para que eles pudessem ver o seu crescimento rápido. Ontem dispusémo-los em carreirinhos e regámos com a água que regava o milheiral. As crianças deviam ser educadas no campo e no cultivo do verso de virar a terra e olhar os animais e os relógios de pedra solares para que do tempo e da pedra, soubéssem melhor as estórias da vida e dos medos.

Almost invisible mirrored tree house built in Sweden | Yahoo! Green

Almost invisible mirrored tree house built in Sweden | Yahoo! Green

sábado, 24 de julho de 2010

Tomilho, o burro com 3 meses




Todas as casas carregam as mesmas necessidades e despejam igual argumentação.
Assim a definição da porta da aranha é de tão bela entrada como qualquer entrada na casa do Homem. Assim o burro Tomilho bebe a sua água como o cavalo pasta comendo os alimentos de que necessita. E era bom que tudo o que nos rodeia fosse simples e fácil sem maiores latitudes ou longitudes.