domingo, 31 de outubro de 2010
sábado, 30 de outubro de 2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Ainda o Fausto e o silencio Bergmaniano
O que me interessava no Fausto, era esta 'faustosidade' sem pretensões. O branco, a eleição conjunta de todas as cores. Nunca me apercebi das maiores loucuras entre os homens, ou seja se são uns ou outros, mais loucos. Este hexágono do lago onde é passada a cena da Opera de Gounod que principia com um corpo a desejar parecer nú como o da Laurinha, o hexágono do lago 'barroco', quem primeiro o desenhou foi a abelha. Um animal que parece simples e que na sua complexidade faz e desfaz mil e uma tarefas de elaboração silenciosa com um labor invejável até nos servir. (lembrar a gravidade do seu extermínio por linhas invisíveis destas sábias Online invenções).
Falaste há dias das crianças e da envolvente agressora dos palavrões. É certo, mas o silêncio, ou certos silêncios contêm tanta ou mais agressividade do que certas palavras.
Vi «O Silêncio» do Bergman a preto e branco, e tenho constatado que a dor e a agressão na Arte Terapia, são na maioria das vezes vermelho ou preto. A mancha de sangue que cria a mácula nos lençóis é preta e o sofrimento da criança dói como uma ausência de vazio onde ninguém vive, nem deserto sequer é. Aquele outro Fausto, mecânico cerebral das contas, ligava as mãos e voltava a ligar como quem liga o mundo e fornecia a água a quem não tinha. Apenas queria comparar movimentos de silêncios brancos. Lençóis, velas ao mar, ligaduras tantas com que vivi e contemplei como espuma de ondas a sarar feridas. Para aquele homem não havia estações, mas era no Inverno que mais era assolado pelas frieiras que não o impediam de trabalhar, enrolando, enrolando e desenrolando panos brancos e silêncios sem incómodos. A família diferenciada sofria com aquele estado aparentemente miserável (de psicose, tens tu a posse de o cognominar!) Mas hoje que poucos ou nenhuns trabalham e que a filantropia e o verbo fidelidade está em extinção como as abelhas, o que poderemos chamar? Vivi quase como as ligaduras do Fausto enrolada com um dos seus sobrinhos, por isso sei mais. À conta do seu défice, ganhou a fama de "Feiticeiro".
Falaste há dias das crianças e da envolvente agressora dos palavrões. É certo, mas o silêncio, ou certos silêncios contêm tanta ou mais agressividade do que certas palavras.
Vi «O Silêncio» do Bergman a preto e branco, e tenho constatado que a dor e a agressão na Arte Terapia, são na maioria das vezes vermelho ou preto. A mancha de sangue que cria a mácula nos lençóis é preta e o sofrimento da criança dói como uma ausência de vazio onde ninguém vive, nem deserto sequer é. Aquele outro Fausto, mecânico cerebral das contas, ligava as mãos e voltava a ligar como quem liga o mundo e fornecia a água a quem não tinha. Apenas queria comparar movimentos de silêncios brancos. Lençóis, velas ao mar, ligaduras tantas com que vivi e contemplei como espuma de ondas a sarar feridas. Para aquele homem não havia estações, mas era no Inverno que mais era assolado pelas frieiras que não o impediam de trabalhar, enrolando, enrolando e desenrolando panos brancos e silêncios sem incómodos. A família diferenciada sofria com aquele estado aparentemente miserável (de psicose, tens tu a posse de o cognominar!) Mas hoje que poucos ou nenhuns trabalham e que a filantropia e o verbo fidelidade está em extinção como as abelhas, o que poderemos chamar? Vivi quase como as ligaduras do Fausto enrolada com um dos seus sobrinhos, por isso sei mais. À conta do seu défice, ganhou a fama de "Feiticeiro".
sábado, 23 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
domingo, 17 de outubro de 2010
O Silêncio
O silêncio em Bergman lembra-me as mãos entrapadas do Fausto.
O Fausto podia ser o Corcunda de NotreDame, mas era o homem que acartava água na minha terra que antes pertenceu à Freguesia de Santa Maria de Belém; o Fausto tinha aparência de miserável, mas pertencia às famílias financeiramente abonadas daquela zona. Uns muito ricos e outros muito pobres. Alguns, sem distinções pelo meio,-uma ponte indefenida de onde olhava muitas vezes as rendas, os espelhos e as sedas, e os outros rôtos. Rôtos de trapos e roupas resíduais com educados modos de pedir e esconder, ou de outro modo expôr inconscientemente a pedinchice ao chiquismo que assim aliviava os seus pecados através da algibeira um pouco menos pesada, ou de outra forma criava estratégia de fazer mais um fato novo na oficina de meu pai escolhendo novos pêlos de lã das ovelhas moyer ou outras que se teriam de esperar pelo caixeiro viajante para que as trouxessem de um lugar longe do qual já teria vindo de outro ainda mais longe.
O Fausto possuía mais do que trapos nas mãos e andrajos que envergonhavam toda a família. Empurrava um carrinho de madeira onde cabiam duas bilhas de alumínio as quais fornecia por parcos tostões a pessoas que não tinham água canalizada.
E, malabarismo cognitivo do Fausto era o daquele factor imemorial que sabia, não se sabe como, saber em que dia da semana se nasce fazendo umas contas que nós crianças ficávamos no pasmo d'algum feiticeiro de Oz. E eram vezes sem conta que fazíamos o pobre Fausto parar o seu carrinho de madeira para repetir as nossas datas de anos e as de quem mais houvesse para nosso encanto e fascínio mágico. Tudo isto era perpetuado num ritual de silêncio sem hostilidade. Fosse hoje o Fausto parar o carrinho naquelas ruas e usar a água naquela fonte?!O Fausto tinha tempo e todas as pessoas tinham tempo de esperar por aquela água, mesmo sem torneira a escorrer a água esbanjada como acontece hoje de qualquer modo, sem tempo e sem data.
O Fausto não pertencia a ninguém, nem sequer ao silêncio que se arrastava atrás dele. Pertencia apenas ao seu interior coberto da sua pele áspera e seca e esperava as perguntas às quais respondia, sem antes dar um pequeno aperto de mão apenas com as pontas dos dedos que lhe sobejavam das mãos entrapadas em panos brancos.
O sofrimento da criança e a sua solidão neste filme de Bergman lembra-me a rudeza e solidão do Fausto: os lençóis brancos-a mácula e a tristeza na violenta tristeza de perdas, sem aparentes linguagens significantes. O Fausto guardava sim, um sorriso triste, poder-se-ía dizer:- imbecíl,o que fazia dôr e mágoa. Ou que ainda me faz por tanto ser castigado nem sei se se sabe bem porquê? Tanta pergunta, tanta água acartada, tanto frio, tanto casaco em cima de casaco e sobretudo. Tanta água à chuva e à fonte. Tanta numeração naquele cérebro. Tanta conta feita e tanta mensagem de ídas e voltas à fonte num carrinho tão económico e ecológico.O Fausto não era de Goethe nem de Wagner. Era de todos e de ninguém. Mal soube da sua morte. Talvez por ali ande ainda e guarde como 'O pastor de rebanhos' alguma poesia do lugar. Uma vez que neste momento a miséria é outra, um retrato diferente, onde jamais o menino Jesus desceria à terra com uma máquina fotográfica.
sábado, 16 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Engrácia
Ela tem quase 80 anos. Figura direita como um tronco herético, sem sifoses, nem desvios físicos aparentes. Detesta médicos e pouco ou nada os visita.É elegante e raramente está fora do lugar onde deve de estar. Circula num perímetro de pouco mais de 100 metros e cumpre o quotidiano como se não chovesse nem fizesse frio, nem calor. Poucas mudanças faz de roupa e poucos ou mesmo nenhuns dizem se está bonita, ou feia. Contínua com a cara dos pães que duravam para toda a semana e diz que mal sabe como criou os filhos, na guerra e na fome. De 3 que pariu, uma emigrou há anos e quando volta, volta a festa, apesar de deixar a mãe no cumprimento das tarefas iguais, como se ela nem do seu habitat pudesse sair. Entre o hoje e o amanhã há poucas distancias. Toda a sua vida portuguesa possuí uma espécie de dialecto verbal obediente a um Sul de deserto, com tal capacidade que até os felinos lhe obedecem. Vi-a sim bater com uma cana na cabra que investiu direito a ela para lhe falar no seu jeito de marrar, mas é da palavra que mais se serve, um som que deixa rasto infindo pelos campos. Coisa de árabe! Cada vez mais me convenço tão perto de Sintra, onde tudo ainda é aldeia e 'Al'. Saloios moínhos,de água e de vento, poços já quase secos mas águas a quererem voltar como carreiros e trilhos. Mas a Engrácia agrega gente e determina as suas opções com a energia que chegaria para toda a aldeia com uma supremacia e subtileza incontornáveis. E, como há anos, senhoras de Lisboa e outras cidades, usa ainda umas roupas interiores delicadas onde lhe cabem umas peças chamadas combinações com rendas de um tecido especial, semelhante ao peso da seda que apenas alguma lojas possuíam como a Pompadour na Baixa perto do arco da R. Augusta. Mas são ainda os homens em pequenas camionetas que se deslocam a estes lugares para venderem os produtos em dias sabidos e organizados. Onde ela mora não há cafés, nem mercados, e coisa absurda há Céu e espaços sempre há venda como cápsulas com bichos de conta, caracóis lagartos e alcachofras tão belas como ela ao sol desprevenido, sem creme e sem proteções. Mas é sempre bom não nos aproximar-mos demasiado. Ao Pôr do Sol o brilho até fere.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
terça-feira, 12 de outubro de 2010
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
domingo, 3 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
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