E agora vamos ter para o jantar Portascom Sócrates, e quantas crianças a
assistir?
Será de digerir?
Sonhos dentro de bolhas que estoiram com o esvoaçar do vento leve que sopra devagar e/ou com mais violencia. Mitos e histórias contadas e por contar, raivas dispersas e amores sóbrios, cativantes que doem, magoam ou querem amar ainda mais. Animais feitos pinturas e pinturas realizadas animalescas, grifos e gárgulas. O Homem enfim neste planeta incógnito a querer descobrir-se através da Arte que é com o que me mais me concilio.
O que parece não existir é um enorme atlas subterrâneo onde se escondem os mistérios mais sublimes, como a ecologia da terra e do homem. Talvez da palavra e da Arte toda. Uma alquimia contrastada com um terreno pantanoso do que se considera concreto.
Em Lisboa as janelas têm de ser duplas ou triplas para não se ouvir o ruído do tráfico. Tráfico e traficante. Somos todos traficantes do tráfico traficado. Também se podiam prender pessoas por traficarem gasolina e óleos e pneus; «mas o povo é sereno», como dizia o Pinheiro de Azevedo. Não sei se morreu de gravata, sei que há uma história de serenidade também contida nele, que a morte que o levou subitamente lhe concedeu esse eterno dom.
Saborear as madrugadas e sentir, permitindo que tudo respire à nossa volta sons e tons, múrmurios atentos de pequenos seres e envolvencias de éter eterno é delicioso. Mesmo pendurando roupa branca molhada de um lavar já não nos antigos ribeiros, mas enfim lavada e unida perante a madrugada solarenga que sempre deveríamos agradecer desde o início até ao declínio.