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sexta-feira, 21 de maio de 2010

A minha praia no meu pensamento

Tive Pais; Muito pai, muito mãe e muitos à volta. Alguns silêncios algumas discussões, as quais me sentia longe de classificar. O silêncio descodifícavel vivia secretamente em mim, longe de lhe dar nomes tamanhos e formas. Em certos momentos mais fantasiosos, fui criando seres substitutos nas dimensões do mundo Natural, sem olhar a crenças, nem a títularidades. Um acto puramente sensitivo e determinante que foi tomando conta de tudo e todos que pricipiaram por estranhar o meu sossêgo, o qual também dava descanso porque não era incómodo.As ondas eram uma espécie de dádiva que bem poderiam lembrar os pais;- tristes ou furiosos, consoante as marés. As poças de água e os buracos na areia, lembravam-me sempre a insatisfação de meus irmãos. Nunca se deixavam modelar. A água teimava sempre em recuperar o espaço e todo o volume retirado voltava, como se não se tivesse cumprido nada. Desejei sempre considerar tudo semelhante a tudo. E até começei a ver as pessoas com o mimetismo Animal. A praia que frequentávamos era das pessoas da aldeia (não nossa) que se admiravam dos nossos fatos de banho. E que simplesmente iam para lá para uma respigação das rochas repletas de moluscos,que se agarravam às rochas como as lapas, os mexilhões e outros, como pequenos polvos, dos quais sempre senti pena por lhes roubarem os habitats.
Apenas aos domingos as mulheres e os homens iam à praia e apenas faltava tomarem banho de sapatos. Levavam as combinações: "lingerie"
da época, feita de linho ou algodão. Verbo do erótico, muito mais sensual do que os nossos fatos de banho. Manifestavam também gestos e posturas ternas de timidez e pequenas ousadias com as ondas o que dava ao cenário o cheiro a pão misturado com o aroma da caruma nos fornos que tinham preparado na véspera. A água salgada com o fogo feito por elas. Parecia que se iam purificar tal, Fénix e Danaé, na perfeição mítica do sagrado.
Os sábados eram magnificos, porque tinham esse ritual de um pão que nunca mais comi. Uma espécie de colchão amassado com mãos de farinha que se ia buscar ao moínho, onde desejava dormir. Assim fui deslocando todas as ligações com os ascendentes para o coração destas terras de ingenuidade e transparência, onde moravam grandes brumas nas madrugadas. Tomando consciencia de outras longitudes e latitudes; tendo-me sido garantida e cumprida a liberdade para novos caminhos. Cedo descobri o horizonte, o Poente e o Norte. Uma solidão que sempre teve o sabor a humanidade.A estrela polar e as constelações, jogos preferênciais nas noites sem luzes eléctricas. Aqui apenas haviam eiras redondas, onde se cantavam canções às raparigas que já tinham mostrado os corpos d'água e amor. O cheiro, o pêlo e os focinhos de veludo dos burros encantavam-me, tal como as albardas consistentemente feitas de palha.Saltávamos para os muros lógicos de pedra subindo pelos intervalos para saltar para cima do burro. Àquela escala deveria ainda pensar que estava sobre um cavalo, mas existiam mais castelos na espuma onírica das ondas, do que princípes nos castelos de areia. Assim fui crescendo num universo de pensamentos mágicos com grande sustentabilidade no real.

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