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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Uma figura muito portuguesa

Ainda naquela ambiência de trabalho da Oficina de trabalho de meu pai que era de portas abertas passavam pessoas, pessoas que queriam dialogar, pessoas que pediam, e pessoas que iam de facto tratar do negócio de cobrir a sua pele.Todos os géneros do Ser e do Estar, que pacientemente se tem de aceitar, quando se abre uma porta.
Todas as semanas aparecia uma senhora tão terna e idosa, como pequenina. Aquilo parecia um acto mecânico, gesto impossível de não ser feito.
O que em ciências da biologia se chama filogénese. O hábito, aquilo que mecânicamente fazemos já sem querermos.
A senhora pedia no acto de pedir, semanalmente e meu pai dava-lhos igualmente no mesmo gesto repetido, depois dela pedir no mesmo tom e som: "Sr. ...zinho, não dá uma esmolinha à velhinha?" Depois dele lhe dar as moedas dos vinte e cinco tostões, ela sempre dizia: "Obrigada sr....zinho, Deus Lhe aumente o que lhe fica. E Deus Lhe Dê muito que dar". Frase que ficou como herança de família.
Daquelas de grande e poderosa riqueza. O que se pode ter.

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