Tinha uma Tia com olhar datado. Olhos enormes e verdes. Olhos que riam, cantavam,dançavam e choravam
Apenas ela me sabia tirar os dolorosos e primeiros sintomas das dores de ouvidos. Os Irmãos Grimm, eram qualquer anonimato das histórias dos moleiros e farinhas e sacas. Sempre também a trilogia. A fuga e o encontro.Também gostava de ouvir:
espinhos de rosas, fadas iluminadas de brilhantes e varinhas de condão, as rãs transformadoras e tudo quanto representava universos protectores que nos seguravam ao destino da promessa futura. Nada mais do que a esperança.Porém esta minha Tia tinha uma diferente noção do Conto e da magia. E o seu plano de leitura teria talvez um mais ousado projecto onde tudo era ainda mais colorido, mesmo que todas as cabras fossem malhadas de preto e branco, ou todas pretas e todas brancas. Porque eram animais que ela sabia contá-los com coração; que batia e nos tocava. Nas noites de Inverno onde o nosso grande medo é maior por frágeis e delicados como a flora que as próprias cabras devoram., ela segurava-me os medos, mesmo sem ser de mão dada. Era um calor igual ao do pêlo dos animais. Penso que nunca tive "peluches" ; apenas família.,e lugares de estar e viver.Nunca me apercebi se ela dormia comigo...até ao dia amanhecer. Ou se eu, naquele acolhimento caloroso ia adormecendo em caminhadas vertiginosas nos trilhos e atalhos de saltos divertidos iguais aos cabritos? Adormecendo devagarinho com as cabras, naqueles redis ao relento, vendo as estrelas, cercada do calor da lã. Sei do consolo em como estes dias voltam sentidos quando nas noites das grandes chuvas e trovoadas me tocam nos vidros os pingos grossos e a violenta sonoridade dos trovões.
Apenas ela me sabia tirar os dolorosos e primeiros sintomas das dores de ouvidos. Os Irmãos Grimm, eram qualquer anonimato das histórias dos moleiros e farinhas e sacas. Sempre também a trilogia. A fuga e o encontro.Também gostava de ouvir:
espinhos de rosas, fadas iluminadas de brilhantes e varinhas de condão, as rãs transformadoras e tudo quanto representava universos protectores que nos seguravam ao destino da promessa futura. Nada mais do que a esperança.Porém esta minha Tia tinha uma diferente noção do Conto e da magia. E o seu plano de leitura teria talvez um mais ousado projecto onde tudo era ainda mais colorido, mesmo que todas as cabras fossem malhadas de preto e branco, ou todas pretas e todas brancas. Porque eram animais que ela sabia contá-los com coração; que batia e nos tocava. Nas noites de Inverno onde o nosso grande medo é maior por frágeis e delicados como a flora que as próprias cabras devoram., ela segurava-me os medos, mesmo sem ser de mão dada. Era um calor igual ao do pêlo dos animais. Penso que nunca tive "peluches" ; apenas família.,e lugares de estar e viver.Nunca me apercebi se ela dormia comigo...até ao dia amanhecer. Ou se eu, naquele acolhimento caloroso ia adormecendo em caminhadas vertiginosas nos trilhos e atalhos de saltos divertidos iguais aos cabritos? Adormecendo devagarinho com as cabras, naqueles redis ao relento, vendo as estrelas, cercada do calor da lã. Sei do consolo em como estes dias voltam sentidos quando nas noites das grandes chuvas e trovoadas me tocam nos vidros os pingos grossos e a violenta sonoridade dos trovões.
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