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domingo, 21 de março de 2010

Equinócio da Primavera e o LUGAR

Esta força devoradora que nos levanta da terra e simultâneamente nos clama qualquer mistério de raíz não é nada de pacífico, embora anestesiante, belo e voraz. Uma cumplicidade orgânica de apelo à investigação de qualquer espiral secreta e funda que pelo que acredito vem de um cosmos ligado às plantas e ao espaço geométrico onde nasci.
Aí nasceu comigo e com os outros, de forma cósmica o LUGAR... A essência do lugar, o sítio grupal onde se encontram os bens essenciais. A vida que gera vida e onde ela encontra a sobrevivência. Sobrevivência da comunicação, da palavra, do alimento e da sopa: sal, açucar, especiarias que geram fonte e ponte de amor e conflito, também.
Como neste momento na Islândia toda a população reclama O LUGAR. A ajuda que num dado momento, parece não ser essência porque se tem tudo. E tudo acorre a um determinado LUGAR, é o lugar onde tudo se pode encontrar. Lugar devedor e lugar de paga.
No LUGAR acontecem as mais variadas histórias num dia. Já o soubemos nas Bodas de Canã, já o soubemos com Miguel Torga nos «Contos da Montanha» e nos «Novos Contos da Montanha». Soubemos no «Covent Garden». Sabêmo-lo hoje com a «Caverna» do Saramago e ainda melhor se nos deslocarmos a qualquer Shopping Centre. Ou Hiper Mercado, melhor dizendo. Vamos ao LUGAR. Para mim quando íamos ao "LUGAR" havia uma semelhança com o irmos ao "Ligar"-ligarmo-nos porque cheirava a couves,a nabiças e sobretudo porque cheirava a espaço. Espaço do céu e espaço na terra, no solo e até nos canteiros contidos, grupos ajardinados e plantádos que como tapetes persas se percebia perfeitamente a Obra d'Arte que cobria os espaços mais a água que corria pelos regos contornando e ligando quadrados e rectangulos generosamente, quase como um Mississipi criado pelo Homem enquanto arquétipo. Ligarmo-nos porque na Quinta do Teixeira haviam todas estas flores...por vezes a boiarem no tanque; tudo a boiar dentro d'água, fresquinhas. Ele apanhava-as e atava-as com um fio de sisal, penso que, pertença da mesma terra. Os coentros, a salsa, a hortelã: tudo uma dádiva como se fosse mais um enfeite, um adorno de oferta. Guardo tudo.
Os amores-perfeitos continha cada um em si mesmo uma enorme história; e, ainda hoje se vou com eles na mão alguém desenrola um conto eficaz e sentimental. O Teixeira, a Carolina, a Menina Francelina, a Carlota do LUGAR. Figuras exóticas, se o mundo de que falo, fosse hoje. Bom e todos teriam de partir da minha Terra e deixá-lo limpo desempoeirado, cavado, asseado e teriam de lá repôr os animais, as árvores, e uns outros direitos que ilusória e traiçoeiramente nos foram retirando. Ainda tenho o Dragoeiro. E uma fotografia debaixo dele, onde brincámos tantas vezes às "educadoras". Parecíamos da escola Montessori. Na aprendizagem lúdica e livre.
Também havia o trigo, as papoilas, os malmequeres, os lagartos grandes e pequenos e as cobras.
Não sei se seria bom que tudo voltasse.
Tenho de vos falar dos pombos da minha infância.
Uns pombos, até parece que falamos de outros animais. Pois falamos, sem dúvida. Aqueles eram, ou seriam há tantíssimos anos outros pombos seguramente.



4 comentários:

magda disse...

A vizinha tem um pèzinho de salsa que me dê?

ester disse...

quer com raíz?

magda disse...

Pois, sem raiz já anda para aí muita gente, dê lá vocemecê a salsa com raiz para que pegue e cresca verde e forte que eu rego-a quando ela precisar.
Sabes, quase não uso salsa, não sei porquê, que me farto de usar ervas. Lembro-me que os cozinhados da minha avó tinham sempre um raminho de salsa atado com linha, para ser mais facil retirar no fim, ou um molhinho a servir de pincel nos assados, molhada no molho e espalhando por cima da peça. Os coentros, o mangericão, a segurelha, a hortelã, os oregãos secos invadiram a minha cozinha e escorraçaram a salsa, coitada. Ficou-me a memória do pedido à vizinha,simbolo da relação entre as pessoas.

ester disse...

Pois então teremos de tratar desse assunto da gravidade suspensa. É preciso arranjarmos os jardins verticais, oblíquos, já que não nos deixam oxigenar; olha a minha madrinha ainda faz isso. Pois coitada agora a imobilidade das extremidades já não lhe permite, fazê-lo. Boa prenda para a próxima x q lá fôr. Ou seja 2 raminhos. O meu com raíz...