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terça-feira, 29 de maio de 2012

A riqueza e a Infância

Gostei do erro do vídeo; são erros assim que dão vontade de voltar a procurar de novo o que queremos.

De facto não era aquele vídeo que queria e o outro apareceu ontem sem que quisesse que ele aparecesse e hoje não consigo encontrá-lo. Assim é a vida! Por vezes completamente dessincronizada como um rádio que queremos ouvir e nunca mais se sintoniza.Mas estou convicta de que se não existissem as moedas a nossa infância se prolongaria por mais tempo. As moedas, o ouro que traz a posse, a ganância, o poder e a diferença entre os tantos que somos; tão iguais e tão diferentes.
Hoje apetecia-me ter a gripe asiática como há muitos anos. Mas foi há tantos tantos anos que hoje nem sei se me salvava. O dr. Farinha ia à nossa casa, ia toda a família visitar-me e só os irmãos não podiam estar em contacto connosco o que era bem bom pois a questão não passava jamais ao conflitual. A família e os amigos ofereciam-me prendas, livros para pintar e pequenos panos para fazer ponto de cruz. Os livros para ler não eram muitos, mas lia-se o que havia e o sonho passava além fronteiras. As injecções de penicilina eram dadas pela tia Irene, das mais fantásticas tias avós que tive. Dava injecções sem agulha, no que eu acreditava, pois mostrava-me sempre todo o processo de transformação de pequeno laboratório na seringa e escondia a agulha. Tinha uma caixinha longa metalizada repleta de agulhas, as quais me fascinavam. No momento da aplicação no glúteo como tinha de estar de costas ela deveria dar uma pequena mas forte pancada no preciso momento em que espetava a agulha. Fazia-o com a antiga sabedoria das antigas coisas e era triunfalmente que voltava a exibir a seringa sem agulha.Esta saborosa crença do imaginário faz-nos guardar silenciosa e docemente tantas boas estórias que não necessitam nada mais do que este vivenciar simples das coisas fáceis e transparentes da infância. 

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Árvores cortadas




Maio, mês intenso e profundo; Maio onde não se deveriam cortar árvores. Maio, noite tranquila e serena.
Maio com mãos arboricidas que me cortaram à revelia muitas árvores que me deixaram triste.
muitos pássaros na manhã azul clara,
muitas rosas a deixarem cair as pétalas
com Maio a findar
e, a beleza de tudo eternamente...
ester