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sábado, 9 de abril de 2011

Comoções

Comove-me tudo o que nos desaparece. A Alteralidade da Vida, os uns e os outros activos em mundos e submundos, animais vegetais e minerais.
Sim; comovem-me os bocados de montes arrancados, como se fossem vorazes dentadas de monstros. As plantas partidas e secas e os animais sempre à procura desesperada de nunca sabemos o quê?
Comove-me a sua semelhança connosco. Uma identidade clara e transparente. O dialógo do silencio, do dito e repetido. O Olhar, a sombra, o deslizamento do rolar da pedra.
Adorava as minhas gatas, não como os egípcios antigos que as idolatravam, mas as levavam com eles para os túmulos faraónicos mesmo em vida. As idolatrias criam histerias. Adorava a hiper-elasticidade que lhes permitiam estes enrolamentos e espreguiças, a procura do quente e do colo. Uma domesticidade amorosa, independente e repleta de caprichos semelhantes ou ainda maiores do que os meus. Comove a partida e o modo como o fazem e nos olham ainda a quererem algum consolo e também a consolarem-nos.

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