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domingo, 26 de setembro de 2010

as fotografias são sempre captadas por mim. Todas.

A escada desceu sozinha por ela própria. Estranho a própria escada descer.
A porta deixou de abrir e fechar. Ficou aberta para sempre, para que nada entre ou saia. Venceu a permanência, olhar a paisagem e o sol que deixa movimentar as sombras pelo dia que corre entre o nascente e o poente, sem cristais, nem vidros. O arco-íris de vez em quando e o nevoeiro, como a bruma que passeia baixo e calada, como uma mulher que acolhe o casaco de malha do lado esquerdo ao lado direito quando os filhos já partiram para longe, porque um fresco maior lhe entra pelo peito que já não é de ninguém.

O forno olhado de fora como um mundo morno e quente onde o pão para toda a semana era cozido. A celha das uvas e os bagos da vida passados imemoriais sem quem as conte e/ou as ouça.

Agora uns berros, agudos das festas e festejos tão sagrados como profanos, As comissões de festas que querem fartas finanças e batem no padre. Igrejas fechadas para que não se assaltem abóbadas, nem arcos ou nichos de santos onde pregam notas; e gritos nas noites caladas de festas falhadas, incógnitas, sem brio, gastas de néon e sem tradição. Capelas muito lindas enfeitadas de alvos brancos a pedir silencio, envoltas de sons estridentes como ambulâncias numa urgência d'imediatismo de pedir passagem para nada nem nenhum lugar. Um atentado, mesmo à lenda dos "vendilhões do templo"! grupos de cantores de microfones na mão gritando um apelo ao plástico das suas vozes sem frutos. E a terra, a terra e as amoras, os coelhos e as raposas escondidos no matagal e atrás dos pinhais à espera que tudo acabe, porque se faz tarde perante tanta destruição ao culto do nada e do vazio.

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