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sábado, 24 de julho de 2010

A Casa


A primeira casa que tive foi constituída por um emaranhado de nós e encaixes, troços de caudas de andorinha como se chamavam aqueles entalhados de onde nunca mais as madeiras se desuniriam. Uma unicidade orgânica ligada a uma epiderme que nenhum vendaval levantaria nem pelo maior tornado devido à força da gravidade.
Hoje embaraçei tudo como num caos. Outras epidermes, nós e novelos se vieram juntar aos meus. Desembaraço tudo, acendo velas e contínuo a pensar no ovo e na elipse como as formas mais belas onde o pensamento rola e desenrola. Por isso serei ainda capaz de estar dias inteiros à espera de todos os modos e maneiras de desembaraçar tudo.
Um dia na minha terra vi o sr. Francisco, que era um paciente sapateiro, e que tinha sempre um alguidar de água junto ao banquinho baixo onde se sentava elaborando todos os arranjos com fios fortes que davam pontos nos sapatos que ele puxava com energia como uma gaivota que abre as suas asas, vi-o como ia dizendo salvar uma formiga desse alguidar de água, ajudando-a com o seu dedo e com as suas palavras:- então tu querias-te afogar? Junto a estas imagens e outras guardo centenas de outras que fazem parte da minha cultura, como uma Maior Universidade da Vida.
Quando soube que Aristóteles dava aulas caminhando pelas ruas pensei se não foi assim que aprendi as verdadeiras Leis da vida e do universo?

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