Decerto que lá existem monstros marinhos, os da Idade das Trevas, ou de muito antes. Esta cronologia e cosmologia está lá fortemente presente,como esta morte do Pai da Manuela. Para além de tudo, tem na sua posse uma selvajaria marítima que humedece e embravece tudo e todos. Ou entristece. Contudo todos lá vão em peregrinação e, ouvi dizer que antes de Santiago de Compostela este, teria sido outro dos lugares escolhidos pelo santo Tiago, antes que a estrela (Stela) lhe tivesse dito: «é aqui neste Campus».E assim foi,e não neste de acesso sinuoso e bravio. A Capela onde faleceu o pai da Manuela, sem intervenção, ou melhor dizendo do Cura (Guerra Junqueiro, chamar-lhe-ia o padre cura no seu encantado Conto:"O Melro")é pré-medieva, sem assentos, húmida e desacompanhada de confortos mínimos; como um castigo que devêssemos cumprir por todos os males do mundo, olhando para o santo .Pequenas colunas clássicas são adornadas com atributos a Stº André adornado por um Barroco, de entalhamentos dourados.
A matéria é granítica com altar em madeira.Não assisti a nenhuma cerimónia porque também poderia morrer de frio.Poderia fantasiar que gostaria de ficar naquele cemitério que é de uma inexcedível beleza a olhar para o oceano intenso- mar Cantábrico, medonho de beleza, se é que se podem casar as palavras em mais do um acordo ortográfico.Pobres de todos nós a quem os pais morrem de modos tão estranhos. E agora nem dizer posso, se mais ou menos nobres? Estranhos somos todos nós, seres complexos, de vontades serenas e guerreiras, sacrificiais e adulteradas por excessos e carências, hábitos sociais e desejos iniciáticos de um primitivismo ancestral. Haverá quem diga qualquer adjectivo sobre a face da Manuela; mas quanto a mim que tenho trabalhado com gente de muito sofrimento e de estranhos locais do mundo, ela é-me muito cara ,sincera e semelhante a toda a paisagem antropomorfizada, como tenho falado. Aliás também estas photos já cá estavam; e apenas o assunto veio relembrá-las...Será que as peregrinações são procuras de morte ou de unidade e esperança?
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