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domingo, 20 de junho de 2010

Funerais sem deus

«Funerals without God» é um livro que adquiri no estrangeiro pensando que poderia ter algum comando sobre qualquer funeral entre mim e os outros à volta. Quase inacreditável que perante tão importante figura apenas se batesse com a mão esquerda na direita e vice/versa. A estridencia monótona e facilista que qualquer um sabe fazer; mas que nem todos podem.O ruído com frases feitas. Escritores eram muitos, calados, mudos, talvez sucumbidos. Mas, há sempre os cantores e os artistas, uma vontade de dar continuação à própria criatividade. Era um difícil passaporte. Estávamos entre as Jacarandás em lilás e muitos com um ou mais cravos nas mãos. Uma criança atirou com um cravo para cima da Jacarandá que lá ficou como uma mancha de sangue.Não era fácil., haver qualquer representação. As castas eram igualmente muitas.Muitos não o leram, mesmo convictos que o fizeram. Penso que n'outros países o fazem e o entendem.
E n'outros também fazem de conta que o que é preciso é advertir contra um catecismo dogmático.Pelo seu perigo na verdade confessa, pela denúncia e também pelo «pecado» da honestidade. Já Bob Dylan dizia: "é preciso ser muito honesto para viver à margem da lei"
Lia o Caim enquanto da morte de minha mãe. E perguntava-me, ela sempre com ar circunspecto porque é que os homens são tão maus? A nós parece-nos muitas e, mais que muitas vezes fácil dizer que poderia ser melhor se e se...Mas também nem se pode dizer bem qual "Se..." e qual é o melhor?



Saramago veio de muito longe, também de uma Azinhaga que conheço há anos, não a minha da alma, mas de uma outra com pastores e cenas sagradas do avô abraçando árvores. O Mago veio de cavalo, nem se sabe ao certo ainda, se os outros de há 2010 anos vieram montados em camelos!?
Mago (Saramago) trouxe-nos outros alfabetos de letras, com gramáticas oníricas que se espalharam por várias folhas, mais...muito mais do que mil e uma. Lidas com gosto por todos que as leram, na terra, debaixo de uma árvore, ou de barco, ou ainda no ar. Vi, não sem tristeza o que aconteceu ao "Elefante" que o cornaca levou até Viena. Esteve no Museu Nacional de Arte Antiga durante a exposição: «Encompassing» (Portugal no Mundo). Das pernas do animal fizeram um banco, repleto de escrita.
Assim são os homens, assim é a vida e a morte; e melhor do que ninguém ele soube-a e sabe-a agora.
Que voe no éter, se espalhe e se ame. Retirei da "amazon" algumas destas imagens, que se têm ou não direitos de autor, ignoro. Saramago é um homem do mundo e do Universo, vale a pena arriscar. É um consolo chegar-se a uma casa londrina, holandesa, e sueca e ver capas com o nome dele, identificando de imediato a que livro se refere, mesmo que a língua nos seja mais distante do que o inglês.

Logo de seguida a ler o "Evangelho segundo Jesus Cristo" desenhei uma oliveira para lhe enviar porque estava entre elas e os rebanhos, cordeiros a nascer durante a Primavera.
Aquela imagem de Jesus a fugir com o cordeiro que levava para sacrificar, por imolação no altar é do mais poético que há.
Hoje nem sei se foi Jesus que o levava, e que pena não ter(terem) desatado a correr com ele pela estrada abaixo para o rio. Claro que era tarde. Talvez pelo menos os livros sejam mais lidos, a partir de agora com a ajuda do Tolentino de Miranda e do Carreira das Neves, únicos que o entenderam na esfera do Cristianismo. A desenhar, qualquer das suas imagens, são definitivamente as que falam da humildade, igualdade, infinita humilhação e provação. Desígnios nunca alheios aos da bíblia, como a bondade e a da agressão sem compadecimentos. Tal como todos os fenómenos catastróficos que dominam o cosmos. Mas, maior predominancia é a história e a apreciação do amor e do respeito partilhado. Um afecto com paz, com tempo e pensamento.




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