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quinta-feira, 29 de abril de 2010

os primeiros aromas das férias



Tal e qual como os sentidos iniciais da árvore de natal e toda a envolvente de mistérios à precedidos, o mesmo acontecia com as maias e todos os enebriantes arômas que nos "assaltavam" fazendo-nos pensar nas ondas, no mar e nos passeios como se tudo fossem fáceis caminhadas. Os transportes eram escassos, embora as procuras não existissem para o aluguer de casas. Olhavam-nos como que a medir uns volumes para caberem em qualquer espaço e saia uma frase de carácter casual: veja ali aquela, vá lá...se não gostar volte cá que depois falo-lhe de uma outra. Tal como ainda agora adoro ver casas e espaços interiores ligados aos movimentos e tarefas das pessoas. Naqueles lugares para onde íamos de férias, a luz eléctrica ainda não tinha chegado. A escolha não era vasta, mas acertava-se normalmente, com o sossego, com a horta e sobretudo com o sorriso das pessoas. Nessa altura pensava, se não conhecesse hoje, que os colchões eram edredons. Criavam um arco, como se fossem um báu, qualquer cofre repleto de surpresas sobre as camas lavadas,e depois quando nos deitávamos ia ao fundo. Eram vulgarmente às riscas de um pano sarjado e tinham um rasgo no meio, o qual vim a aprender que era para na manhã seguinte se espanejarem fazendo com que voltassem ao arco primordial solto e repleto. Soube também que aquelas palhas eram cantadas ao luar, nas eiras, lugares circulares de lages de pedra mármore onde se vivia a magia do encontro. As eiras podiam ser de maior ou menor diametro, consoante o que se desenvolvesse por lá, quanto à tarefa e ao gesto. Assim a comunidade tinha cada um a sua, mas pertença da utilidade e função do necessário desígnio.As palhas eram arrancadas às maçarocas do milho. E, se do milho nada se perdia, também as palhas iriam para os colchões. Um equipamente de ordem ergonómica e conomicista que a vanguarda deixou para trás. Aqueles momentos eram hilariantes de paz do céu sem deus e sem pecado. O céu era uma abóbada e as estrêlas e o milho apontamentos pequeninos com que se podia brincar. O instrumento vocal uníssono dava força à matéria transformadora e uma sensualidade crescente aquecia a lua, o grupo e o envolvimento em espiral sagrada que se elevava como o pombo correio que sempre ia connosco para que voltasse à nossa terra para contar da nossa boa chegada com a mensagem agarrada à anilha na pata.

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