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segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Os Livros de Saramago e a amargura da vida

A vida sempre foi pouco harmoniosa e, de facto pouco doce e aprazível para uma grande parte da humanidade invisível. Hoje iluminada pela diversidade dos meios comunicativos e, mais trágica não só pela banalização facilitadora do imediatismo rápido e, do perecer de sofrimento comum. O que vemos da humilhação e miserabilidade dos povos é implacável, incontornável, possuíndo todo o dicionário traduzível em vergonha e imoralidade e/ou sentimento amoral perante o mundo observador e anestesiado na "Belle Indiference"!


José Saramago sabe descrever clínicamente todos os acontecimentos mais ocultos e subterrâneos da alma, desde a indiferença dos poderosos, dos governos e de todos que no seu colectivo ou na sua partilha poderiam ser "guerrilheiros" de um Universo sem tanto MAL. Como diz Konrad Lorenz no seu livro sobre a «Agressão»:" todos nascemos maus e passamos a vida inteira a tentar tornarmo-nos bons, num enorme desafio entre o mal e o bem."

Ter o benefício de saber traduzir gramaticalmente estes sentimentos é de facto invejável e penso que é este o problema de quem não consegue assumir indiferentemente a qualidade original e ousada do Escritor Nobel 1998.


Difícilmente alguém, em estado de saúde mental normal consegue ler a Bíblia sem lágrimas, ou em paz. Sem dúvidas. ou panico, medos recônditos, agressões e sentido de vingança, maldade, incesto, pragas e pestes, terrores, violações e amores desentendidos, pombas e animais que reproduzem crianças. Lendas do imaginário colectivo, tentações que apelam à insconsciência do homem as maiores e as mais terríveis aberrações contra-natura! Ainda hoje o "Corvo" é um valente, num conto de Miguel Torga! Até Torga desafiou a Bíblia sem contestatários, tal como Alberto Caeiro, quando o analfabetismo tinha maior percentagem e o cubo negro que agora até já é plasma ainda não existia.

Tal força existe na caixinha mágica que mudou o mundo! Alberto Caeiro diz: daquela pomba estúpida que fecundou sem que Maria tivesse tido algum prazer! Temo pela correcta frase, mas será este o sentido.


A perssecusão a Saramago é a de um mundo iliterado, que não lê, que finge ler, mal ouve, devido à poluição acústica e, foi de certo modo "castrado e obrigado na sua infancia, ou adolescência a ler a bíblia" por leves (ou pesados) sequestros, ou chantagens emocionais. Abusos sensuais e uma outra indiferença de todas as nossas eras. Quando Guttenberg inventou a Imprensa e os textos foram impressos, tudo mudou no séc.XV. As Bíblias cresceram como filhos, contudo, continuando a iliteracia que não permitia a consulta correcta. Como um arquétipo a Bíblia continuou agregadora no local de encontro semanal ao longo dos anos, nos Mosteiros, Capelas, Igrejas e lugares de culto e festejos. Perto das Feiras e Mercados, como uma necessidade da Piramide das necessidades. Hoje os centros Comerciais alteraram os manifestos, mas outras vias vêm lembrar outras polémicas como esta d'hoje.

Andam agora os experts, cientistas, analistas da epígrafia a estudar a sua essência traduzível.


Saramago livre pensador e tradutor mágico do pensamento humano, por ter a invejável capacidade de saber substituir uma pomba por um homem para procriar um filho, regulando toda a cena para uma tenda no deserto com abóbada estrelada, é menos herége e mais sagrado e hierófânico do que quem vejo na missa e de quem lá se livra da caridade e misericórdia que deveria partilhar aos abandonados e pobres do lado de cá dos Templos. Leiam primeiro Caim e Abel, filhos de Adão e Eva, que também muitos não devem saber e, só depois leiam o "Caim" de Saramago. Ou leiam a Bíblia toda 1º e depois todo o Saramago,depois para entenderem quem é um e quem é outro, com a grandiosa honra de ele ter nascido na Azinhaga, e em Portugal e a ter o direito de se nacionalizar onde quiser; embora o gado, porcos, cabras e carneiros tenham feito parte da vida de seu avô na sua honrada profissão de pastor como Abel, de quem Caim tanto invejava. Ademais isto não será sempre a história recorrente de irmãos e de todos nós? Dizem sermos "todos irmãos"? E é evidente que Saramago tem a suave energia dos cordeiros que Jesus negou levar ao altar para o brutal sacrifício e o encanto que fez com que a criança em meia volta, desatasse a correr levando o pequeno animal para o campo de ervas frescas. Só quem leu este livro sabe do que estarei a falar e, todo o erro consiste neste pecado de um vocabulário gratuito e perverso. Penso também que a inteligencia do Padre Carreira das Neves foi explicíta, mas padres assim há infelizmente poucos.

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